O café que apresentamos esse mês é da variedade Catuaí Vermelho IAC-144, método de processamento cereja descascado, safra 2024/2025 do produtor Sérgio Cotrim D'Alessandro. Possui aroma de cacau, baunilha e açúcar mascavo, sabor de chocolate ao leite, baunilha e calda de pudim, acidez cítrica média, corpo sedoso médio, balanceado e finalização de melado e leve floral. Pontuação final com base em laudo emitido por um licensed Q-Grader - 85 pontos.
Fazenda: Cotrim e D'Alessandro
Município: Manhumirim - MG
Altitude média: 900 metros
No dia 22 de julho de 1949, um navio partiu de Gênova, na Itália, para o Brasil. Levava centenas de imigrantes italianos. Entre eles, Mário D'Alessandro e o seu sonho de ganhar o mundo. Após desembarcar, Mário cruzou a Serra da Mantiqueira e se instalou em Manhuaçu. Começou a trabalhar com tachos e alambiques de cobre. Montou um pequeno comércio e, nas horas vagas, se aventurava a pé, a cavalo ou de bicicleta pelas trilhas da Serra do Caparaó. Nas andanças, ficou apaixonado pelo plantio de café. Todos os dias, cruzava a cidade de bicicleta, carregando mudas para a propriedade da Limeira. Anos depois, enquanto transportava companheiros para a roça, um acidente de trabalho lhe tirou a vida. Manter o sonho de produzir café coube ao seu grande companheiro: o filho Sérgio - um apaixonado pelo café das Matas de Minas, sua qualidade e diversidade de sabores. De voz baixa, andar atarefado da labuta e uma devoção pelo processo manual da produção do café, Sérgio triplicou a produção deixada pelo pai. Sempre dividiu seus conhecimentos com outros produtores para que, juntos, pudessem aumentar a oferta de café de qualidade na região. Às vezes é possível ver Sérgio caminhando sozinho na plantação, cheirando e tocando os grãos de café. Vive silenciosamente o orgulho de ter realizado o sonho do velho Mário. Hoje, quem viaja de navio é o café das Matas de Minas, muitas vezes, para a Europa, velha terra dos D'Alessandro.
A região das Matas de Minas é uma origem produtora de cafés especiais, composta por 64 municípios, situada em uma área da Mata Atlântica, no leste do Estado de Minas Gerais. A produção é naturalmente sustentável, marcada pela predominância da agricultura familiar, pelo impacto econômico e social direto e indireto e integração natural entre o homem e a mata, fatores culturais presentes na cafeicultura da região. É uma região pioneira na qualidade artesanal, no trabalho manual e em técnicas desenvolvidas pelos produtores da região para se produzir alta qualidade. O resultado desse trabalho é uma diversidade de nuances e sabores diferenciados, presentes nos cafés da região, que hoje se destacam nas principais premiações nacionais e internacionais. A região conta atualmente com 275 mil hectares de produção, 36 mil produtores, gera aproximadamente 75 mil empregos diretos e 156 mil empregos indiretos.